terça-feira, 1 de abril de 2014

TEXTO: MANIFESTO À CARTOMANCIA

MANIFESTO À CARTOMANCIA BRASILEIRA
Por Carolina d'Oxoguian, 01/04/2014
Venho prestar um desabafo em razão do que vem ocorrendo em grupos virtuais no facebook de cartomancia, em relação às informações de orientação de leituras das cartas, e quero propor uma comparação entre teoria x atendimento presencial x atendimento online.
Sabemos que TEORIA advém através de estudos dedutivos, os quais podem seguir um raciocínio lógico, podendo ter pesquisa através de documentos e experiências de terceiros ou de si mesmo.
A prática da Cartomancia (leitura divinatória das cartas) vem ocorrendo através do ATENDIMENTO PRESENCIAL e ATENDIMENTO ONLINE. O atendimento presencial sempre existiu desde quando as cartas foram criadas e o atendimento online foi uma oportunidade criada utilizando o telefone e hoje em dia, utilizando a internet.
Para dar prosseguimento, deixo claro que acredito nas seguintes considerações:
1)   Cartas são símbolos criados por algum padrão pelo autor, seja o desenho, as cores utilizadas e seus significados, impressas em papel e tão somente isso. Os autores publicam livros para explicar tais definições.
2)      As cartas que foram transformadas em oráculos (porque há jogos de cartas que não são oráculos), só possuem uma conotação espiritual caso o dono das mesmas, o cartomante, assim o definir, não tendo que estender essa questão para outras pessoas colocando como uma “verdade”.
 3)      Cartas não possuem ligação religiosa, a não ser que alguém invente uma religião cujo oráculo que determinará as suas questões sejam as cartas ou invente um baralho específico.
 4)      Estudar significados dos símbolos traz unicidade e padronização. De certa forma, pode transformar uma leitura em algo mais óbvio, direto, limpo e claro, sem invenções. Traz maior segurança nas afirmações, podendo ter a leitura comparada com outros.
 5)      O cartomante é o senhor do seu oráculo, onde o seu jogo será de acordo com o que ele acredita de significado dos seus símbolos. Se o cartomante acredita que “pirâmide” significa “grande fortuna”, sempre nos seus jogos este símbolo vai mostrar essa tendência, diferente daquele cartomante que acredita que “pirâmide” é “morte”. O cartomante pode até proferir significado divergente ao original, mas se é o que está habituado em suas leituras, cabe somente conhecer o original e saber se consegue se adaptar e não taxar como “verdade” ambos os lados.

Participo de grupos de cartomancia onde são apresentadas discussões, debates, “achismos”, dúvidas e sugestões de várias formas, seja de significado, leitura, métodos e a como lidar com situações das consultas. Em um mesmo dia, duas pessoas que não se conhecem definiram com a palavra “egóico”, a postura de dois homens que também são diferentes e que não se conhecem. Em grupos tão diferentes, porém o assunto é a cartomancia, fez-me pensar sobre essa postura tão igual em pessoas tão diferentes, não importando o assunto.
Pesquisando o significado da palavra, no Dicionário Informal consta o seguinte:
1.       Pessoa que se incomoda quando é solicitada.
2.       Fala de si o tempo todo, se elogiando, se achando o melhor.
3.       Referente ao ego.
Não sei se é uma criação recente no vocabulário das pessoas, mas a intenção é referente ao EGO. Por que a cartomancia desperta tanto o ego exaltado das pessoas? Por que a atividade oracular faz com que se tenha um comportamento de “saber” mais que o outro, de ler “melhor”que o outro?
Não sou psicóloga para explicar isso, mas está aí um assunto a quem interessar possa. Há pessoas que se sentem verdadeiros “donos da verdade”, impondo sobre os outros aquilo que pratica e acredita ser o certo, mesmo o que não tenha base metodológica ou científica alguma.
Se o assunto ainda abordar questão de religião, pior ainda é quando quem não é adepto de determinada religião querer se colocar como verdadeiro nas questões que envolvem conceitos quanto às divindades e simbolismos, não tendo a postura de perguntar e ouvir quem tem mais experiência no assunto e prática. Só se deve falar aquilo que se sabe e vive.
A questão principal que quero abordar e que me deparei de forma tão drástica é a diferença entre TEORIA X ATENDIMENTO PRESENCIAL X ATENDIMENTO ONLINE.
Sabemos que o Brasil é um país muito “espiritualizado”, onde muitas pessoas fazem leituras de acordo com “entidades espirituais” e nada tem de estudo. Como eu disse nas considerações, o oraculista é o senhor de sua leitura e o que ele vê e lê na hora é de responsabilidade dele, porém não deve levar aqueles exemplos como sendo “certos” para todas as outras pessoas, pois a leitura espiritual é totalmente intuitiva e feita através de vidência, onde as cartas são somente um canal para a leitura fluir e acontecer as previsões. Não há didática e nem manual de leitura para tal, pois é livre e o cartomante precisa entender que não deve determinar como verdade para os outros o que ele faz.
O estudo é algo inquestionável para aprimoramento, amplitude e entendimento melhor de várias situações que surgem no dia-a-dia de uma leitura de oráculo. Quanto maior for a experiência e vivência do oraculista, mais chances ele terá de conseguir enxergar melhor o que aquela combinação de cartas está querendo dizer para o momento de seu consulente.
Há determinismos ensinados em teoria que são um verdadeiro “fim” para uma leitura na prática, pois pode acabar com toda a esperança, sonhos e até amor próprio de um consulente. Na mesma medida, são as orientações de quem só faz atendimento presencial e quer condenar e criticar o atendimento online por não seguir determinadas regras teóricas e presenciais nas leituras.
Vim aqui defender a bandeira das pessoas que prestam atendimento online, com ou sem estudo, que salvam muitas vidas todos os dias, por não seguirem regras tão fechadas orientadas por grupos teóricos e por quem faz atendimento presencial.

TEORIA

A teoria é muito “bonita”. Carta X tem determinado significado, carta Y tem determinado significado. Então, se juntar as cartas X + Y, só pode significar uma coisa; se juntar as cartas Y + X, só pode significar outra coisa. Quem já leu e aprendeu dessa forma? Quem já explicou outro significado e foi duramente criticado? Estou vendo muitos “senhores” de significados, mas que não conseguem atingir uma máxima para uma interpretação e leitura de cartas em uma consulta: falar aquilo que causará empatia com o cliente e que não o fará se sentir pior do que chegou.
Sabemos que as cartas possuem origem europeia e que, por conseguinte, seus significados seguem padrões europeus. Muitos estudam e conseguem transcender os significados, trazendo-os para algo mais palpável, mais próximo de nossa realidade atual – sim, pois as cartas são seculares e a humanidade vivia outro tipo de rotina e regras de conduta sociais. Se de início, as cartas eram jogos de entretenimento e depois tornaram-se instrumento divinatório, com o tempo tornaram-se um instrumento terapêutico, auxiliando no autoconhecimento.
Uma coisa que não descarto é a “sensação” quando o oraculista retira a carta e a energia que está fluindo durante a leitura. Como ele consegue definir o significado positivo ao invés do negativo? Quando determinar que a carta indica excesso ou escassez das virtudes daquele símbolo? Há de convir que todos chegarão a uma unanimidade: intuição. E intuição nada tem a ver com mediunidade, muito menos com a questão religiosa. E sabemos que a intuição chama a atenção do oraculista sobre determinado ponto a ser discutido do símbolo, até mesmo sobre a tendência para ler o que a carta quer dizer.
Se entendermos que foi necessário fazer adaptações de leitura de acordo com aquilo que se conhece, será que todos que não seguem a origem estão errados? E os brasileiros que vivem uma temática bem diferente dos europeus, rotinas, excessos, escassez, vivências, comportamentos e educação bem diferentes, estão todos errados na leitura?
Adoro estudar as origens. Eu quero é que todos nós percebamos que os símbolos possuem significado, conhecer o tema é muito justo e é um norteador para todo tipo de leitura, mas a interpretação mais adequada é aquela que for vivenciada pelo oraculista. Seja de qualquer lugar do mundo. Cabe ao bom senso do oraculista saber o que se restringe somente a ele e o que pode ser útil para ensinar aos outros.

ATENDIMENTO PRESENCIAL
Sabemos que em atendimento presencial, o consulente e oraculista estão cara a cara, trocando energia. Sabemos que o valor é fechado e que o consulente vai com uma vida inteira para tirar dúvidas e aproveitar cada centavo pago. Há uma abertura maior do consulente para que a leitura vá além de previsão e seja uma leitura orientadora – por vezes, terapêutica - sobre os problemas que o vem afligindo.
Olhar para o oraculista, ver os gestos que ele faz com as mãos, olhar os desenhos das cartas e todo o aparato que ele tem em volta, faz o consulente sair de um mundo e entrar em uma “caverna mágica”, acreditando que todos os seus problemas serão resolvidos em 60 minutos, inclusive respostas de outras vidas, comportamentos de primos até o 5º grau e por aí vai. O cliente reservou horário, se deslocou, deixou de trabalhar, de cuidar do namorado, de ir ao médico, para estar ali para se consultar e merece ser bem tratado.
Observar o olhar e as reações do consulente faz com que o oraculista se sinta aquele que foi eleito como canal dos Deuses para trazer a mensagem, pois pode perceber melhor a abertura do consulente para dar as melhores orientações. É aí que a parte do EGO fica maior. Os elogios do cliente se tornam “títulos”, a quantidade de consultas é uma “prova” de popularidade do mesmo. E, assim, fazem campanha contra o atendimento online.

Sabemos que quem elege o bom oraculista é o cliente, e há sempre discussão entre o oraculista que é eleito como bom porque fala o que o cliente quer ouvir e aquele que consegue orientar da melhor maneira possível. Mas aquele que faz campanha para só haver atendimento presencial, está sendo “egóico” e egocêntrico, pois o oráculo deve estar disponível para todos, não importa a localização.
E, assim, muitos deles tomam atitudes preconceituosas com os oraculistas online, julgando-se superiores e detentores de significados e vivências mais “reais”, “mestres verdadeiros” dos oráculos. Deprimente!




ATENDIMENTO VIRTUAL (ONLINE)
Atendimento presencial é levado mais a sério no país, mas essa opinião só é válida entre os oraculistas – principalmente, os que atendem somente de maneira presencial. Se soubessem a quantidade de pessoas que se consultam online, veriam que para estas pessoas, o atendimento online é quem “salva” a pessoa de cometer um erro, de saber por onde precisa ir, se acredita ou desconfia do marido, se ainda tem motivos para continuar a viver.
O atendimento online é conhecido por englobar uma grande parcela de pessoas que aprenderam a interpretação de cartas de maneira intuitiva e mediúnica. Muitas delas não utilizam todos os recursos que os símbolos podem transmitir, muito menos encontraram bons livros para leitura. Às vezes, quando eles querem se prender a uma técnica ou conhecimento teórico, a consulta não flui e não conseguem chegar à alma do consulente.
Devido a este fato, mesmo que o atendimento online tenha como profissionais pessoas que estudaram anos os seus respectivos oráculos de leitura, que saibam utilizar métodos e evoluir seus significados, sabe-se que estes cartomantes são detentores de uma medalha: salvar vidas.
O cliente liga e ele está desesperado, não sabe em quem confiar, está em casa ou no trabalho, preparando o almoço ou sozinho em casa, abandonado ou simplesmente triste e isolado. O oraculista online é quem pode dar esperança para ele continuar vivendo.
O oraculista online não fica preso a métodos e regras de significados, não é porque ele vai procurar mentir para o cliente ou porque não estudou teoria, mas é porque a consulta é extremamente dinâmica e o cliente não desligará o telefone enquanto ele não se sentir satisfeito e calmo perante suas dúvidas, ou apertar o botão “sair do chat” quando estiver bem. O oraculista tira quantas cartas quiser, de vários baralhos, utiliza vários instrumentos para poder medir e dar a resposta que o cliente precisa, desde a pergunta “com que roupa vou à festa” até a pergunta “gostaria de entender o meu comportamento de não me desligar do meu ex”.
Não existe olho no olho, tudo está baseado na leitura das palavras escritas ou na voz de ambos e, há de convir que o oraculista online precisará de muito jogo de cintura para cativar o cliente só digitando ou só com a sua voz. Não existe uma sala com parede branca ou na cor lilás, incenso, pedras e música hindu ao fundo, é o mundo do consulente onde ele está e o telefone ou computador. A qualquer momento, o cliente pode desligar quando quiser, satisfeito ou não. O cliente pode procurar amanhã e depois de amanhã, para confirmar ou vir contar as novidades.
Todo estudo cai por terra quando o cliente pergunta “que roupa eu devo usar na festa de comemoração de minha promoção”, pois isso não está no script de nenhum oráculo. Então, vem a criatividade do oraculista online em, através do símbolo, identificar a resposta mais adequada que a carta está mostrando. E os tradicionalistas vão falar “minhas cartas não respondem a esse tipo de pergunta”, e não chegam à alma do cliente pois, para ele, esta pergunta é muito importante para saber escolher o que for melhor possível.
Se você teve que criar uma leitura a partir da análise de um símbolo para poder responder à pergunta, é sinal de que você está no caminho certo, pois deixou o seu cliente satisfeito. E quem foi que disse que já foram criadas todas as formas de leitura, interpretação e métodos? O mundo da cartomancia é dinâmico e, quanto mais atendimentos, mais criações para poder chegar aonde é necessário: orientar o cliente.
Sabemos também que os clientes podem ter certas perguntas diretas, até mesmo não sabem que perguntas fazer. Cabe ao oraculista orientar da melhor forma, mostrando até eventos os quais ele não pensava que havia possibilidades. Se o cliente quisesse respostas de SIM e NÃO, pêndulo é ótimo para isso, mas as cartas possuem grandes possibilidades de histórias, de informar alertas, desdobramentos e cabe ao oraculista abrir o que vem a surgir.
O que o oraculista online consegue de amparo é que ele faz o cliente escolher o caminho dele. O cliente pergunta “devo ficar com meu marido?”, o oraculista tira quantas cartas quiser, cria várias perguntas enquanto tira as cartas e fala para a cliente sobre todas as possibilidades do que está acontecendo no casamento, os prós e os contras, as divergências de pensamentos e formas de expressar os sentimentos, intenções e segredos. A cliente fica satisfeita pois, além da pergunta dela ter sido respondida de uma maneira bem ampla, ela agora conhece tudo o que está acontecendo e que deve estar causando o desentendimento entre ela e o marido. Prestem atenção na responsabilidade da mensagem!!!
No dia-a-dia dos atendimentos, você vai sempre se deparar com situações novas e que você nunca estudou em um livro, nunca leu sobre o assunto e nem debateu em alguma comunidade de estudos. Não se engesse. Aquele que anda na linha, o trem pega.
Trago a vocês o vídeo abaixo que é um episódio do programa "Esquadrão da Moda". A moça em questão não gostou de como ficou o seu resultado em todos os sentidos. Opiniões à parte, sabemos que a Moda dita regras, muitas delas a partir da observação e outras por determinismo de quem é colocado como criador de regras. Muitas pessoas pensarão que ela ficou realmente muito melhor depois das mudanças, mas... ela não se sentiu melhor! Podem justificar por ela ser apegada e estar muito acostumada ao "errado", mas nem o próprio marido curtiu a nova imagem.
Vamos pensar sobre o que é "regra", "determinismo", quem é considerado como "criador de regras", pois cada um sabe o que é melhor para si mesmo e a satisfação do cliente é a melhor resposta para qualquer oraculista. Perceber melhor que há consequências naquilo que se fala e que ecoará na vida de um ser humano, tão responsável quanto um médico em seu prognóstico e perícia em uma cirurgia. Pensem nisso.


Há ótimos oraculistas presenciais, há ótimos mestres teóricos, pessoas que são capazes de sentir a palavra que falam e incentivar o potencial do outro. Assim como há oraculistas online que não valem o centavo que lhes é pago. Mas estou realmente cansada de determinismos e de pessoas que não aceitam olhares diferentes. Respeito é fundamental!
Carolina d’Oxoguian


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