sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Sobre matérias envolvendo "Orixá regente do ano"




Amigos, vim explicar sobre “Orixá regente” do ano.

Assim como as cartas retiradas do tarô, baralho cigano e runas para o ano de 2015 (clique aqui), a energia dita como regente do ano não quer dizer que será a única energia a ocorrer. O ano possui doze meses, e assim como as fases da lua e o nosso humor, há energias mais evidentes por certos períodos e outras menos.

Veremos que durante o ano de 2015, alguns meses terão as energias que retirei muito evidentes. Tomo como exemplo a minha leitura para o ano de 2014 (clique aqui), salientando que as coisas aconteceram por alguns meses seguidos.


Portanto, não vou retirar a energia de “orixá regente” pelos seguintes motivos:



1 – Orixá regente do ano pertence a cada casa de axé do Candomblé. Os zeladores de cada ilê/egbé/kwê buscam saber qual orixá será mais exigente durante o ano com os filhos da casa e seus frequentadores. Muitas vezes, acontecem iniciações e ebós envolvendo aquele orixá, para confirmar a energia mais latente.

2 – Não existe leitura de orixá regente do ano por quem não joga búzios, muito menos por quem não é iniciado ao Candomblé. Há pessoas que jogam búzios mas que não passaram pelos rituais obrigatórios que o culto exige para se ter o direito deste oráculo. Profanam o que é considerado sagrado dentro do culto. E se a pessoa não joga búzios e tampouco é iniciada ao orixá, não possui método algum para dizer com veemência o orixá regente. Quem o faz, está ludibriando seguidores.

3 – Orixá regente do ano, assim como planeta, ou qualquer outra energia, é tido como fonte de renda para ganhar cliques e vender exemplares de revistas. Sim, é um negócio lucrativo porque há pessoas que compram e que procuram por aqueles videntes/oraculistas só porque publicaram sobre orixá e a pessoa se “identificou” com aquilo.

4 - Há zeladores que publicam na mídia sobre sua leitura, porém devem esclarecer sobre a influência deste orixá na vida das pessoas que não fazem parte do axé.

5 – Assim como foi explicado no item 1, cada casa de Candomblé terá o seu orixá regente do ano. Se você não frequenta nenhuma casa de Candomblé, logo a influência daquele orixá não será da mesma forma que os filhos daquela casa.

6 – Os orixás são energias muito intensas. O jogo de búzios é o método ideal para conhecer suas palavras. Claro que há pessoas com sensibilidade e com caminho espiritual que conseguem ler alguma mensagem deles por outros meios. Porém, confie em quem é iniciado ao orixá. Fora isso, são só pessoas que podem até estudar, mas não passam de curiosos e que nada vivenciam o dia-a-dia de um terreiro e das coisas que se vive no orixá, a fim de entender os elementos regentes das energias e suas propriedades.

7 – Não há o que se comparar planetas da Astrologia que levaram nomes dos deuses romanos/gregos com orixás. Pode haver analogia por um arquétipo específico, mas é errôneo dizer que o ano pertence a determinado orixá porque ele é comparado a determinado planeta.


Fuja de previsões cujo intuito é ganhar sua confiança através de sua ingenuidade e desconhecimento sobre o assunto. Acredite em quem realmente tem experiência e fundamento sobre aquilo que se fala. Há muitos expertos e curiosos que querem tirar vantagem e vender matéria. Quer saber a sua energia do ano? Peça uma específica com qualquer tarólogo e caso deseje saber orixá ou odu, procure uma Casa de Candomblé de confiança.

E então me perguntam: como eu vejo orixá em meus oráculos que não são os búzios?



O que eu faço é analogia de energia. Eu sempre vou tirar as cartas e runas primeiramente, caso a energia eu veja associação com algum orixá, faço a indicação e sempre com responsabilidade. Sou iniciada, sou omoorixá, e sempre participei dos rituais e de vivências em minha casa de santo. Mesmo com dez anos de iniciada, ainda tenho muito o que aprender. O que posso dizer é que dentro do que passei, conheço propriedades dos alimentos dos orixás e as influências em seus filhos; foi-me ensinado o porquê de se fazer bolinhas de arroz e bolinhas de farinha em um ebó, inclusive o motivo da quantidade a ser usada; o que se deve pedir para determinado orixá sobre determinado assunto; os significados de símbolos como ikudidé, idés, mokan; o motivo de se raspar a cabeça ao ser iniciado; como enfeitar uma comida de santo; porquê tem orixá no dendê e outro no azeite; já pintei e ensaiei iyawo; costurei roupa para orixá e ajudei a vestir; dentre várias outras coisas. São tantas coisas que se aprende somente participando no dia-a-dia para saber os significados das energias dos orixás.

Então, por que confiar em quem não vive nada disso?

Relembrando: quem dá sempre a certeza do orixá é o babalorixá/iyalorixá de um terreiro de Candomblé, através do jogo de búzios ou obi.

Carolina d'Oguian





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